Adulto é criança que largou mão de colecionar escorpiões e cobras e agora enche a cabeça de expressões idiomáticas. Uma das mais preocupantes é:
“You can’t have your cake and eat it too.”
Os campos de batalha estão cobertos dos escombros de tentativas, nenhuma delas, porém, cai como uma luva. E já vi tradutor mais capaz e experiente do que esse servo que vos fala abandonar o campo de batalha saltando por cima da dificuldade pelo expediente de fazer que nem viu. A abordagem Kierkegaardiana “das duas, uma,” não se estica o suficiente para cobrir o sentido.
Pior é outra:
“You can’t have your cake and let your neighbor eat it too.”
Essa aparece em A Revolta de Atlas.
Outra expressão preocupante é:
“Don’t count your chickens until they’re hatched.”
Os canadenses entendem perfeitamente que a galinha é a dona dos pintinhos que choca. E a expressão traduzida, “Não conte ovo dentro da galinha,” até que reproduz bem o sentido da 14ª Emenda da Constituição Americana. Reza o prolegômeno:
Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas a sua jurisdição, são cidadãos dos Estados Unidos e do Estado onde tiver residência. Nenhum Estado poderá fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades dos cidadãos dos Estados Unidos; nem poderá privar qualquer pessoa de sua vida, liberdade, ou bens sem processo legal, ou negar a qualquer pessoa sob sua jurisdição a igual proteção das leis.
Mas nos EUA, nos países muçulmanos e onde quer que o misticismo influi nas leis, alistadores militares, sacerdotes, políticos e cabos eleitorais querem se apoderar do fruto do ventre alheio como se operassem uma granja. Agem como se coagir a reprodução alheia tivesse cabimento na ética, na lei ou no ditado “Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você.” Onde quase não há mulheres no governo, esse lema é pouco observado. O partido republicano dos EUA quer mudar as primeiras quatro palavras desta emenda. Isso consta do seu programa publicado. E cumpre ter presente que alheia também se refere a outros países…
Veremos se as eleitoras continuarão a votar contra os seus próprios direitos individuais nas próximas eleições forçadas no Brasil e eleições nada verificáveis nos EUA. Agora que existe Partido Libertário lá e a possibilidade de algum dia haver disso no Brasil–sobretudo se o Partido Novo se dedicar aos verdadeiros direitos da pessoa individual–há de haver como mudar o quadro atual.