“A million christians and mohammedans died… in the Crusades.”
“Faith can remove mountains of people!” Cartoon by Brazil’s own Adão Iturrusgarai

faith.

Eric Marie Remarque em “A Oeste Nada de Novo” imaginou uma guerra na qual os generalíssimos, marechais e arcebispos digladiavam numa arena populada por soldados que formariam a torcida. Eu compararia ingresso e até pipoca para assistir às cruzadas v. jihades nesse esquema.

Source:

Ontem no Rio de Janeiro…

Um turista americano passeia com o intérprete no Rio, e de repente aparece um assaltante:
–Perdeu. Vai passando aí…
–Whu’d he say?
–O cliente quer saber o significado daquilo que o senhor falou.
–Perdeu?
–Sim, pois, veja bem. Sem contexto não dá para fornecer uma resposta precisa e que vá necessariamente se encaixar. Contexto é rei. No mundo da terminologia, ao qual a tradução é estritamente ligada, os termos só existem se aparecerem em contexto. Palavras soltas podem levar a inúmeros erros de interpretração.
–BANG!
–Why’d you shoot my interpreter?
–Senti pena de você mané, e te fiz esse favor. Giívi maney nau.
Essa última parte o turista entendeu. Aliviado, passou a carteira pro bom malandro.

Pânicos et Circensis

ArgentinaLP

Durante doze anos os eleitores coagidos do Brasil entenderam que os altruístas do Partido Trabalhista eram menos desonestos do que os demais saqueadores–hipócritas, oportunistas e sobremaneira perigosos. De repente tudo mudou. A economia americana entrou em crise, e ao passo que a crise lá se amenizava por exportação, no resto do mundo piorava a situação–sobretudo no Brasil.

O governo americano é polichinelo de dois partidos. Um deles, o Partido Democrata, abandonou o liberalismo que nutria antes dos anos 60, quando o partido foi invadido (pela terceira vez) por simpatizantes socialistas e comunistas. Mas boa parte destas mais recentes infiltrações foram reação aos fanáticos religiosos que em 1928 se apoderaram do Partido Republicano. Antes, a lei seca só fazia parte do programa político do Partido da Proibição, que muito raramente conseguia quase 2% do voto. (Em 2014 os libertários conseguiram 3% am vários estados). Na mesma época, diafragmas e camisinhas também eram proibidas nos EUA.

A lei seca complementar à emenda proibicionista completava seus 8 anos quando a corrente xiíta republicana resolveu fazer uma cobrança ríspida da lei usando o IR (artefato do Partido Comunista de 1848). Com esta façanha, destruíram completamente a economia do país, pois o dinheiro fugiu dos bancos para evitar o confisco pelas autoridades armadas. Até hoje esses fanáticos dominam o partido republicano, e não pensam em outra coisa senão mandar meganhas armados para coagir e prender os jovens. Odeiam “liberais” com uma intensidade que até os nacionalsocialistas da Alemanha admirariam se estivessem vivos. Hoje, o partido da Proibição está de dividindo, travestido com novas máscaras, tais como partido “da Constituição” e “Tea Party”, mas por trás das máscaras a caveira é a mesma, e os eleitores fogem da repressão que apregoam.

pop0416A matemática do crescimento vertical da população do planeta ajudou o governo americano a cair na real logo após a formação do Partido Libertário. Mas essa matemática ainda consta do Index Expurgatorius do Vaticano, cuja Santíssima Inquisição é mantida viva e alerta pelas hordas de políticos milionários e atletas do televangelismo estuprador. Aliás, esses mesmos são aliados naturais dos partidários republicanos nos EUA–os mesmos que, tão logo despachado o presidente Kennedy, mandaram navios e agentes para instalar ditaduras facínoras no Brasil, Chile e Argentina.

A oligopolia americana formada pelos fanáticos coercitivos, xenófobos e proibicionistas não gostou dos governos do Lula ou da Dilma. Quando os gringos despiam passageiros do Brasil, cutucando-os e tirando impressões digitais, o a alfândega brasileiro teve o desplante de fazer os americanos esperarem em fila no aeroporto para também fazer impressões digitais–mesmo quando o Bush Filhote mandou (a gente) parar. E quando os gringos grampeavam telefones e comunicações pela internet, o que vazava de Snowden e Manning deixou claro que bastaria os espiões da águia fazerem alguns vazamentos seletivos–gravações de políticos e industrialistas de economia mista–para desestabilizar qualquer país do mundo.

Quando no primeiro turno da reeleição a Dilma derrotou o televangélico dos helipópteros, os EUA despacharam A Embaixadora Exterminadora de democracias pra cá. Talvez por causa do petróleo, ou para instalar espiões na fronteira com a Bolívia–não se sabe o que eles querem. Mas da maneira de conseguir, disso não resta dúvida.

Nos últimos 20 anos morreram 14.600 mulheres brasileiras que passaram por abortos malsucedidos na clandestinidade. Para os fanáticos, cuja superstição está paulatinamente cedendo lugar à racionalidade, só a lavagem cerebral de crianças indefesas pode restabelecer a hegemonia do misticismo pedófilo. Mas pode mesmo?

religião censoNos EUA, desde a guerra em que os cristãos da Alemanha tentaram exterminar os judeus, o numero de americanos que abriram mão da superstição cresceu em 600%, e aborto é direito individual desde 1973.  A mesma tendência, com atraso, se revela no Brasil.

Só que aqui ainda estamos em 1972 no que diz respeito aos direitos individuais da mulher ou pela democracia que defendia esses direitos. Embora nos extertores o misticismo ameaçado de extinção se torne violenta, antidemocrática e até terrorista, a tendência é de a racionalidade pacífica tomar o seu lugar. A evolução funciona assim.

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Necessita de documentos traduzidos para comparar os demais países?

 

Os Exterminadores do Tio Sam

O que é que a Colômbia e o Brasil têm em comum?

Eis o que está ocorrendo na Colômbia, e não passa nas teletelas brasileiras.

Eis o que ocorre no Brasil. Não sei se isso aparece nas teletelas colombianas ou não.

bushaecioA atual embaixadora americana no Brasil foi expulsa de Bolívia, saiu do Paraguai numa enxurrada de protestos “populares” para depor o presidente eleito. Seu trabalho no Caribe coincidiu com um aumento de 800% na taxa de mortalidade em tiroteios. Assim que a Dilma derrotou o crente das pistas de pouso (e amiguinho do George Bush) por 8% na votação do primeiro turno, a diplomata americana foi transferida para o Brasil.

O atual embaixador americano na Colômbia foi expulso de Cuba, transferido para Venezuela, depois trabalhou numa burocracia internacional que empurra o programa dos partidos Democrata e Republicano nos EUA. Sem perceber a ironia, o governo americano o destacou como embaixador na Colômbia em primeiro de abril de 2014, antes mesmo do primeiro turno nas eleições.

Algo mais? Ah, sim… As agências de espionagem americanas grampeiam as ligações telefônicas dos políticos e das empreiteiras de economia mista nos dois países e no resto do mundo. Basta um vazamento seletivo dessas gravações e dados aqui e acolá para os bananais de partidos oposicionistas nada libertários, e pum! Multidões populares nas ruas para cassar… a quem não agradou os dois partidos corruptos e xenofóbicos que por voto secreto controlam o governo americano. Todos estes paralelos, é claro, podem ser pura coincidência.

A onda libertária nos EUA

LPeagleA empresa Gallup faz perguntas e dessas enquetes calcula estatísticas. Seu levantamento anual sobre governança pergunta: 

  1. Tem gente que acha que o governo está tentando fazer muita coisa que melhor seriam feitas por indivíduos e empresas. Outros acham que o governo deveria fazer mais para resolver os problemas do país. Das duas, qual atitude é mais parecida com a sua?
  2. Tem gente que acha que o governo deveria promover determinados valores na nossa sociedade. Outros acreditam que o governo não deveria favorecer nenhum determinado conjunto de valores. Qual dessas atitudes mais parece a sua?

São duas questões, cada qual com duas possibilidades, resultam quatro respostas possíveis. Eles (Gallup) calculam os resultados em 4 grupos: conservadores, libertários, populistas e socialistas leigos. Numa quinta categoria cabem os que anularam ou não conseguiram responder com competência. O maior grupo foi o dos libertários, com 27%, que acham que o governo se intromete demais e que ele NÃO deveria favorecer nenhum conjunto específico de valores. Em segundo plano os conservadores (26%), seguidos pelos socialistas leigos (23%) e de lanterna os populistas (15%). Segundo a revista Reason, no ano 2000 a categoria libertários estava em meros 18%. Se verdade, houve aumento de 33% em 15 anos neste sentimento “libertário” segundo a interpretação da organização Gallup. Essa mesma organização assevera que a satisfação do povo com o governo americano vem caindo e que 58% querem um terceiro partido.

Se isso é verdade, então por que tanto candidato das correntes socialista, proibicionista, conservadora e populista entre os pré-candidatos dos dois grandes partidos que formam o cartel político nos EUA? Uma hipótese é que como são um cartel, mentem sobre a contagem dos votos. Essa prática é muito antiga e piorou bastante depois da instalação do voto não verificável. (Voto secreto é outra coisa, onde só você verifica seu voto–assim como verificar o seu saldo no caixa eletrônico com senha). Outra é que o eleitor tem medo daquilo que desconhece e–como na mídia subsidiada pela lei do Nixon nunca aparece nada sobre o partido libertário–ninguém sabe o que está na sua proposta e mesmo sabendo que seu voto único ali valeria mais, prefere continuar na mesma e reclamar.

Consta que no Brasil o Partido Novo passou pelo corredor polonês do TSE. São muito encabulados, com pouca coisa no manifesto, mas se defenderem os direitos individuais e sempre procurarem alternativas que dispensam a coação, a coisa só pode melhorar.

 

 

 

O partido proibido

Todo governo, independente da ideologia, é um monopólio sobre a coação armada. Isso é ponto pacífico. Polêmico é saber para que serviria uma coisa dessas. É aí que entram os partidos. Todos eles imaginam que o governo serve para defender os direitos da pessoa humana, mas não sabem explicar o que é um direito. Todos concordam que o assaltante que tomou seu dinheiro e o ladrão que arrombou a sua casa são criminosos que ameaçam a sua liberdade pessoal e econômica. Isso já é um começo.

Mas o que é a liberdade afinal? A minha professora de ética, Tara Smith, afirma que a liberdade é a ausência da coação. E os direitos? Ela ensina que todo direito é uma reivindicação bioética à liberdade de agir sem coagir. Bioética significa moral. Significa que a pedra de toque, isto é, o padrão de valores para discriminar entre o bem e o mal, é a vida e felicidade da pessoa individual. Quem dá valor à vida humana há de reconhecer o código de ética individualista que ela preconiza. Mas outros filósofos e partidos defendem outros códigos.

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Para classificar os partidos basta examinar duas utilizações da força coercitiva: uns querem coagir a sua vida particular, outros querem interferir na sua vida econômica. Existem ainda aqueles que não querem que você tenha nenhuma liberdade, seja pessoal ou econômica. As ditaduras comunistas e nacional socialistas exemplificam esse tipo de governo partidário. Estes governos dão valor ao altruísmo e à coletividade, e não à pessoa humana individual. Seus partidos se sentem ameaçados pela ideia da liberdade, onde as opções não são planejadas, e sim, espontâneas, e valorizam o sacrifício, onde a pessoa morre.  Os governos que resultam estão ficando cada vez mais raros, mas ainda exercem muita influência política com seu voto e pelo fato de muitas pessoas ainda acharem que o altruísmo é boa coisa.

Muitos partidários se sentem divididos por causa das guerras, hecatombes, fome, inanição e campos de escravatura e extermínio que sempre caracterizam os governos altruístas e coletivistas íntegros. Querem dividir a liberdade e pisar só naqueles direitos que acham menos atrativos. O socialista religioso, por exemplo, acredita que o governo deveria controlar tudo que o cidadão come, bebe e fuma, como se veste, e o que é permitido ler ou assistir. Tudo isso é por uma questão de altruísmo, para protegê-lo contra os abusos da liberdade pessoal. Com menos entusiasmo este partidário admite que o governo deveria ser dono de muitas indústrias, cobrar impostos e regulamentar o comércio, mas com menos afã ou avidez, pois acredita em uma dose de liberdade econômica por uma questão prática. Este quer menos liberdade pessoal e mais liberdade econômica.

O socialista leigo também concorda em dividir a liberdade, mas discorda das proporções. Este não quer que o governo se meta na sua vida pessoal. Quer ser dono do nariz, escolher o seu consumo e com quem namora, e não é tão chegado na censura. Mas faz questão de governo regulamentar com rispidez toda a atividade econômica. O trabalhador tem que ser sindicalizado, e as indústrias que o governo não possui ele deve controlar e regulamentar nos seus pormenores. Tudo, é claro, por uma questão de altruísmo, para proteger o cidadão contra os abusos da liberdade econômica. Essas duas categorias de socialista acreditam que só uma parte da liberdade seria valiosa, mas que a outra parte seria algo nocivo e perigoso. Este quer mais liberdade pessoal e menos liberdade econômica.

As ideologias comunista e nacional socialista não admitem essa divisão da liberdade por estarem convictos de que toda a liberdade é perigosa, nociva, uma ameaça ao altruísmo, e que o correto é o governo pegar nos bens alheios quando bem entender.  Para elas é uma questão de integridade. Onde quer que ganhem poder, o resultado é uma ditadura onde as pessoas passam fome e são assaltadas e assassinadas pelo próprio governo.  Para entender porque, estes partidos teriam que duvidar do altruísmo. Para evitar isto, inventam a posteriori que todos aqueles que cometeram esses crimes contra a humanidade foram impostores que enganaram o povo. Nunca um partido totalitário questionou o altruísmo, e todos eles querem menos liberdade pessoal e mais coação sob a rubrica econômica.

Agora suponhamos que você quer ser dono do nariz, escolher o seu próprio consumo e com quem namora, e não é nada chegado na censura. Comparando, você chegou à conclusão de que livre iniciativa é mais prática e os direitos individuais mais importantes do que o altruísmo goela abaixo a mão armada. Você percebe que a liberdade é uma só–aquela situação da qual a coação foi afastada. As duas partes não são mutuamente exclusivas. Com isso você conclui que você quer mais liberdade econômica e pessoal ao mesmo tempo, sem conflito ou incoerência entre os dois componentes. Onde está o seu partido político?

Se este quadro ficou mais relevante do que as papagaiadas unidimensionais e lineares da mídia, imagine onde a sua mensagem poderia se relevante se bem traduzida.

Saiba mais sobre as crises econômicas dos EUA–leia para entender o que causou o Crash de 1929:

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Na Amazon:  A Lei Seca e o Crash. Todo brasileiro entende rapidinho o mecanismo desta crise financeira de 1929. Com isso dá para entender as de 1893, 1907, 1971, 1987-92, 2008 e os Flash Crashes de 2010 e 2015.

Para melhorar o seu inglês, nada como a minha polêmica tradução de Monteiro Lobato: America’s Black President 2228. Na Amazon (link)

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Origens do partido libertário

theamericanlanguageHenry Louis Mencken, autor de “The American Language”, achou que o governo desprezava os direitos dos cidadãos porque o cidadão não entendia mais o inglês do Século XVIII. O que diria o membro do povão de uma frase como esta: “Convocou os corpos legislativos a lugares nada usuais, inconvenientes e distantes dos cartórios em que se guardavam seus registros públicos, com o único fito de arrancar-lhes, pela fadiga, o assentimento às medidas que lhe conviessem.”? Mencken então traduziu a Declaração para o vernáculo americano em defesa da liberdade e dos direitos da pessoa humana, em 1921.

SEMPRE que as coisas ficam tão emboladas que o povo de determinado país tem que cortar os laços que o ligavam a outro, e ficar na sua, sem pedir licença a ninguém, exceto quiçá o Todo-Poderoso, é correto esclarecer porque fizeram isso, para que tudo mundo possa ver que não estão aprontando nem armando nada.

O que temos a dizer é o seguinte: primeiro, tanto tu como eu valemos o mesmo que qualquer outro, aliás, quem sabe até mais; segundo, que ninguém tem direito a burlar nenhum dos nossos direitos; terceiro, que cada um tem o direito de viver, de ir e vir como quiser, e de se divertir do jeito que bem entender, desde que não interfira com outra pessoa.

Que o governo que não garante esses direitos não presta para nada; e mais, que as pessoas deviam escolher o tipo de governo que querem, sem que ninguém de fora se intrometa no assunto. E se o governo não fizer assim, cabe ao povo o direito de botá-lo na rua e instalar outro que cuidará dos seus interesses.

É claro que isso não implica em montar revolta todo dia mode aqueles bobocas da América do Sul, ou sempre que algum titular de cargo ficar à toa, sem ter o que fazer. Mais vale acomodar um pouquinho de corrupção, etc., do que ficar toda hora montando revoluções mode aqueles ladinos, e qualquer um que não seja anarquista ou desses comunas da vida diria o mesmo.

Mas quando as coisas ficam tão ruins que o cidadão quase que não tem mais direito nenhum, faltando pouco para ser chamado de escravo, aí todos deviam unir as forças e botar os sem-vergonhas na rua, e instalar outros cuja roubalheira não dê tanto na vista, e marcar cerrado em cima deles.

Taí a situação que o povo dessas Colônias encara, que já está de saco cheio, e vai dar um basta nisso.

O governo desse Rei atual, George III, nunca prestou desde a largada, e sempre que peão reclama, lá vêm os meganhas dele, impondo tudo goela-abaixo.

Veja só algumas das agressões que ele armou:

  • Entrou vetando na Legislatura as leis que todos favoreciam e que quase ninguém achava ruins.
  • Não permitia a aprovação de nenhuma lei a menos que antes passasse pelo cunho dele, e logo metia no bolso, fazendo de morto, e não estava nem aí para as reclamações da gente.
  • E quando o pessoal trabalhava direitinho, pedindo a ele que aprovasse um projeto de lei sobre esse ou aquele assunto, ele forçava a barra: ou eles fechavam a Legislatura, deixando ele legislar sozinho, ou não podiam ter essa lei.
  • Ele forçou a Câmara a se reunir em vilarejos lá nas cucuias, de modo que quase ninguém conseguia chegar lá e a liderança ficava em casa, deixando ele fazer tudo como quisesse.
  • Ele mandou a Legislatura às favas, e dispensava os deputados sempre que ousassem criticá-lo ou falar grosso com ele.
  • Depois de abolir a Legislatura, ele não permitiu que mais ninguém fosse eleito, de modo que não havia quém tocasse as coisas, e aí qualquer um entrava ali e fazia o que quisesse.
  • Procurou afugentar as pessoas que queriam se mudar pra cá, e colocou tanto obstáculo no caminho do italiano ou judeu, pra tirar os papéis, que era melhor largar mão disso e ficar em casa mesmo. E se conseguia entrar, não lhe permitia posse nem de uma gleba, de modo que nem vinha mais pra cá ou voltava pra sua terra.
  • Ele atrapalhou os tribunais, e não contratou juízes o suficiente para dar conta do trabalho, e a pessoa desesperava de tanto aguardar a chamada da sua causa que abandonava a reclamação, voltava pra casa e nunca ganhava o que lhe deviam.
  • Fez gato e sapato dos juízes, despedindo-os sempre que faziam algo que ele não gostasse, ou ele atrasava os seus salários, de modo que eram obrigados a obedecer ou não recebiam.
  • Ele inventou uma pá de cargos pra dar emprego pra tudo quanto é vadio que ninguém conhece, e o povo, coitado, é obrigado a pagar a despesa quer tenha condições ou não.
  • Sem guerra nenhuma, manteve aboletado no país um exército vadio, por mais que o povo reclamasse disso.
  • Deixou o exército tocar tudo a seu bel-prazer, e num ‘tava nem aí pra quem não vestia uniforme.

Deu trela pros corruptos, só Deus sabe de onde, deixando que dessem palpite em tudo, e ainda que aprontassem o seguinte:

  • Obrigar o pobre povo a fazer pensão para uma tropa sem serventia nenhuma, e que não querem ver vadiando em sua casa.
  • E quando os soldados matam o cidadão, arrumar tudo para que escapem ilesos do crime.
  • Bedelhar nos nossos negócios.
  • Cobrar imposto da gente sem querer saber se a gente achava que o objeto daqueles impostos seria do nosso interesse custear na marra ou não.
  • E quando peão era preso e pedia julgamento por júri, não deixar que fosse julgado pelos seus semelhantes.
  • Tocando gente que não tem culpa de nada pra fora do país, e acusando-os em tribunal lá longe pelo que teriam feito aqui.
  • Nos países fronteiriços, deu apoio a governos canalhas e ainda quis que se alastrassem, de modo a fincar raízes por cá também, ou tornar o nosso governo tão canalha quanto o deles.
  • Ele nunca deu bola pra Constituição, e sim tratou de abolir as leis que todos achavam satisfatórios e aos quais quase ninguém se opunha, procurando sempre mexer com o governo de modo a poder fazer o que desse na telha.
  • Ele botou pra correr os nossos legisladores e ainda deu a entender que fazia tudo melhor sozinho.
  • Agora lava as mãos de nós e ainda se dá ao trabalho de declarar a guerra contra a gente, de forma que a ele não devemos mais nada, e ele não manda mais na gente não.
  • Incendiou as cidades, matou gente cachorramente a tiros, e infernizou as nossas atividades no mar.
  • Contratou regimentos inteiros de holandeses, etc., para guerrear contra a gente, dizendo a eles que podiam tirar de nós o que queriam, e atiçou pra cima da gente esses estrangeiros.
  • Agarrou dos navios os nossos marinheiros, obrigando-lhes a empunhar armas e lutar contra a gente, por mais que se relutassem contra isso.
  • Fomentou insurreição entre os índios, dando-lhes armas e munições e mandando sentar lenha, e estes mataram homens, mulheres e crianças sem ver a diferença.
  • Toda vez que lançou mão dessas coisas, a gente se empenhou pra levantar uma oposição, mas toda vez que a gente se mexeu pra acordar o povo, ele tornou a repetir as mesmas façanhas.

Quando o homem sempre age com tamanha brutalidade, salta aos olhos que esse aí não tem fineza e não merece o poder pra mandar em povo nenhum que ainda tem direitos; merece, sim, um chute na traseira.

E quando a gente prestou queixa pros ingleses, eles não deram satisfação.

Quase que todo dia avisamos a eles que os políticos de lá faziam coisas com a gente que não tinham nenhum direito de fazer.

Tornamos a lembrá-los quem eramos nós, e o que a gente fazia por cá, e porque viemos pra cá.

Pedimos a eles pra serem justos com a gente, e avisamos que se continuasse assim teríamos que tomar uma atitude qualquer e que eles talvez não iriam gostar.

Mas quanto mais a gente explicava, menos eles ligavam para o que a gente dizia.

Já se não nos apoiam, é porque estão contra a gente, e estamos prontos e dispostos a cair de pancada em cima deles, ou até fazer as pazes quando terminar.

Portanto fica resolvido que nós, os representantes do povo dos Estados Unidos da América, reunidos no Congresso, declaramos o seguinte: Que os Estados Unidos, que outrora eram as Colônias Unidas, hoje são um país livre, como deviam ser, e que escorraçamos o rei inglês e não queremos mais nada com ele, e os ingleses não mandam mais na gente; e ainda que, na condição de país livre, podemos fazer tudo o que os países livres fazem, sobretudo declarar guerra, celebrar a paz, assinar tratados, formar empresa, e afins. E nos juramos em apoio a essa proposta com a mão na Bíblia, cada um e todos nós, e prometemos persistir nisso, custe o que custar, na vitória ou na derrota, quer consigamos fazer vingar ou mesmo levando a pior, não importando se agindo assim a gente perder tudo ou mesmo seja enforcada pelo ato.

O trabalho Jefferson 1776 no vulgato de J Henry Phillips foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://tradutoramericano.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença em http://libertariantranslator.com.

Isso sim era liberalismo americano, e não o nazifascismo supersticioso dos republicanos ou o comunismo igualmente saqueador do partido democrata! Se deu para esclarecer esse aspecto da história dos EUA, imagine com que clareza os seus documentos podem ser traduzidos.

Lysander Spooner, anarquista ou libertário? Fascículo 18

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Uma das leis que Spooner mais criticava durante a ocupação militar dos latifúndios algodoeiros sulistas foi a que nomeava cobradores de impostos. Tamanha era a desconfiança federal neste ofício que os cargos vinham ouriçados de compromissos, com multas e penas de prisão se o cobrador embolsasse o dinheiro arrecadado em vez de entregá-lo aos mandantes federais. 

 

XII

 

E é justamente por isso que os compromissos de todos os demais pretensos agentes deste bando secreto de assaltantes e assassinos são, sob os princípios básicos do direito e da razão, igualmente destituídos de qualquer obrigatoriedade. São compromissos para com ninguém, feitos apenas com o vento.

Os compromissos dos fiscais e agentes fazendários do bando são, nos princípios gerais do direito e da razão, de nenhuma valia. Fosse qualquer desses fiscais embolsar o dinheiro que arrecada, recusando-se a entregá-lo, os membros deste bando não teriam como dizer a ele: Arrecadaste esse dinheiro enquanto agente nosso, para as nossas finalidades; juraste entregá-lo a nós, ou a pessoa por nós designada. Nos traíste, e violaste a nossa fé.

Bastaria, como resposta, dizer-lhes:

Nunca vos conheci. Nunca se apresentaram a mim individualmente. Jamais fiz compromisso com vocês enquanto indivíduos. Podem ou não ser membros daquele bando secreto que designa agentes para assaltar e assassinar; porém cujo precavimento é tal que nem se identificam sequer aos seus agentes, nem àqueles aos quais seus agentes são incumbidos de assaltar. Se é que são membros daquele bando secreto, que designa agentes para praticar assassinatos e assaltos em seu benefício, não dispõem de prova de que alguma vez me encarregaram de praticar assaltos em seu benefício. Nunca os conheci individualmente, e portanto nunca prometi entregar-lhes a verba proveniente dos meus assaltos. Pratiquei os assaltos por conta própria e para o meu benefício. Se me julgaram tolo a ponto de permitir que se mantivessem às ocultas, utilizando a mim como instrumento seu para a rapina de terceiros; ou que assumiria todo o risco pessoal desses assaltos, pagando a vocês o saque, foram muito parvos. Conforme assumi todo o risco dos assaltos, cabem a mim todos os lucros.

Sumam! Pois além de pilantras, são otários. Se é que fiz compromisso algum, o tenho com outros e não vocês. Mas na verdade, não fiz com ninguém, apenas com o vento. Veio de encontro aos meus propósitos à época. Possibilitou que me apossasse do dinheiro que queria, e com o qual agora pretendo ficar. Se esperavam que o entregasse a vocês, dependeram apenas da honra que dizem prevalecer entre os ladrões. Entendem agora quão débil essa suposição. Estou confiante de que terão o juízo de não repetir esse erro. Se é que me cabe algum dever nesta questão, seria de devolver o dinheiro àqueles que dele desfalquei; e não de entregá-lo a pilantras como vocês.

Continua adiante essa tradução de http://www.tradutoramericano.com…

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Lysander Spooner, anarquista ou libertário? Fascículo 11

Lysander Spooner, advogado anti-escravagista de Boston, examina detalhes e pormenores da Constituição que a vitoriosa união alfandegária impõe na “Reconstrução” dos estados confederados derrotados após a secessão que resultou da alta nas sobretaxas alfandegárias antes de Lincoln ser eleito. Examina agora, a título de comparação, a natureza, forma e validez dos contratos.

V

Como prova adicional do senso geral da humanidade no que toca à necessidade prática de que, de fato, todos os contratos importantes, sobretudo os de caráter permanente, devam ser escritos e assinados, são pertinentes os seguintes fatos.

Há mais de duzentos anos – ou seja, desde 1677 – existe no livro dos estatutos da Inglaterra, sendo feito lei, e agora válido em quase todos ou todos os estados desta União, um estatuto cujo objetivo é de declarar que não se entrará em juízo cobrando cumprimento de contratos de peso, a menos que estejam lavrados por escrito e assinados pelas partes cujo cumprimento se deva cobrar.c

O princípio deste estatuto é, vejam bem, não apenas que os contratos escritos venham com assinatura, mas também que todo contrato, à exceção daqueles especificamente isentados – geralmente os de pouca monta e curto prazo – deve vir escrito e com assinatura.

O motivo pelo estatuto, no que toca esse ponto, é que hoje é tão fácil às pessoas lavrarem e assinarem um contrato, que a falta em fazê-lo abre as porteiras para tanta dúvida, fraude e litígio, que os que se negligenciam de lavrar seus contratos – que sejam de alguma importância – por escrito e assinado, não devem gozar do benefício dos tribunais de justiça para cobrar o seu cumprimento. E esse motivo vem da sabedoria; e que a experiência confirmou sua sabedoria e necessidade é evidente pelo fato de que tal estatuto vigora na Inglaterra já há quase duzentos anos, sendo adotado quase que universalmente naquele país, sem que ninguém cogite revogá-lo.

Sabemos também o precavimento que a maioria dos homens evidencia em mandar lavrar e assinar seus contratos, mesmo quando o estatuto não o requer. Por exemplo, a maioria dos homens, enquanto credores mesmo de apenas cinco ou dez dólares, tomam o cuidado de passar um documento de dívida pelo montante. Ao saldar um pequeno balanço num livro mercantil, tomam recibo escrito pelo montante.

Além do mais, (é provável que) a lei em todo o nosso país, bem como na Inglaterra, requer que larga categoria de contratos, como testamentos, escrituras, etc., deve não só vir lavrado e assinado, mas também selado, com testemunhas e autenticação. E no caso de mulher casada que cede seus direitos imobiliários, a lei, em vários Estados, requer que estas sejam examinadas separadamente e à parte dos maridos, fazendo declarar também que assinam as escrituras livres de constrangimento ou coação por parte do marido.

São estas algumas das precauções que as leis exigem, e que os indivíduos tomam – por motivos corriqueiros de precavimento, mesmo nos casos onde a lei não o requer – para mandar lavrá-los por escrito, e de guardar contra toda incerteza e controvérsia no que toca o seu sentido e validez. Mesmo assim temos o que se apresenta como sendo, ou representa ser, dizem alguns, um contrato – a Constituição – lavrada há oitenta anos, por homens que hoje já estão todos mortos, e que nunca detiveram o poder de nos constranger, mas que (segundo dizem) tem se feito obrigatório sobre três gerações, consistindo de milhões de pessoas, e que (segundo asseveram) deverá ter valia sobre todos os milhões no porvir; mas que ninguém alguma vez chegou a assinar, selar, protocolar, testemunhar ou reconhecer, e que pouca gente, comparado ao número total dos que, segundo asseveram, devem se obrigar por ele, jamais leu, ou sequer chegou a ver, ou algum dia há de o ver ou ler. E dos que já o leram, ou hão de fazê-lo, dificilmente dois, quando muito, alguma vez concordaram ou hão de concordar quanto ao seu significado.

E mais ainda, este suposto contrato, que não seria acatado em foro jurídico algum que se assenta sob sua autoridade, fosse oferecido como prova de uma dívida de cinco dólares devidos por um homem a outro, é contrato pelo qual segundo geralmente interpretado pelos que simulam administrá-lo – todo homem mulher e criança pelo país afora, agora e para sempre, entrega não só a sua propriedade, mas também a liberdade, até a vida, às mãos de homens que, pelos termos deste suposto contrato ficam expressamente isentados de toda responsabilidade pela sua maneira de deles dispor. Seríamos então desse tanto alienados, ou maldosos, a ponto de destruir propriedade e vidas sem limite, numa luta para compelir aos homens que cumpram um suposto contrato? contrato esse que, uma vez que nunca ninguém o assinou, fica sendo, com base em princípios gerais de direito – princípios estes que guiam a todos nós no que concerne aos demais contratos – o mais vil papelucho, vinculante para ninguém, prestando apenas para se atirar no fogo; ou, caso preservado, preservado apenas para servir de advertência da besteira e maldade do gênero humano.

c    (Me encarreguei de examinar pessoalmente os livros de estatutos dos seguintes estados, viz.: Maine, New Hampshire, Vermont, Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, New York, New Jersey, Pennsylvania, Delaware, Virginia, North Carolina, South Carolina, Georgia, Flórida, Alabama, Mississippi, Tennessee Kentucky, Ohio, Michigan, Indiana, Illinois, Wisconsin, Texas, Arkansas Missouri, Iowa, Minnesota, Nebraska, Kansas, Nevada, California, e Oregon, constatando que em todos estes Estados o estatuto inglês foi readotado, às vezes com modificações, mas que geralmente ampliam sua abrangência, estando atualmente em vigor).

Seguem algumas das provisões do estatuto de Massachussetts:

“Não será dada entrada de ação em qualquer dos seguintes casos, a saber:…

“Para fazer cobrança a alguém com base em promessa especial de responder pela dívida, inadimplência ou falta de outrem:…

“Sobre contrato de venda de terras, habitações, patrimônio, participação em tal ou que lhes diga respeito; ou

“Sobre acordo que não seja para ser executado dentro de um ano contado da data em que fora lavrado:

“A menos que o contrato, promessa ou acordo com fundamento em qual a ação seja interposta, ou algum memorando ou minuta de tal, esteja lavrada e assinada, seja pela parte a ser onerada com seu cumprimento, ou por procurador seu devidamente autorizado na forma da lei.”

“Nenhum contrato de venda de bens, artigos ou mercadorias, no valor de cinquenta dólares ou mais, será válido a menos que o comprador aceite e receba parte dos bens assim vendidos, ou dê algum sinal para fechar o negócio ou como entrada, ou que seja feito algum memorando ou minuta do acerto, do qual conste a assinatura da parte a ser onerada, ou de procurador seu devidamente autorizado na forma da lei.”

Lysander Spooner, anarquista ou libertário? Fascículo 10

Continuação da crítica do Lysander Spooner, advogado antiescravagista horrorizado pelos resultados da invasão, pela União Alfandegária, dos Estados Separacionistas na esteira da Guerra da Secessão. Esta guerra, no Sul, se descrevia como a Invasão e também como a Guerra entre os Estados.

IV

A Constituição, além de não ter agora obrigatoriedade sobre pessoa alguma, nunca teve tal obrigatoriedade. Nunca comprometeu a ninguém, pois jamais foi convencionada de maneira que, de acordo com princípios gerais do direito e da razão, a fizesse vinculante sobre alguém.
É princípio geral do direito e da razão, que o instrumento escrito não compromete a ninguém, a menos que o tenha assinado. Tão inflexível este princípio, que apesar do cidadão não saber escrever seu nome, deve ainda “fazer sua marca”, antes que lhe passe a ter obrigatoriedade o contrato escrito. Esse costume foi estabelecido há séculos, numa era em que poucos homens sabiam escrever seu nome; quando o escrivão – isto é, a pessoa que soubesse ler e escrever – era raridade tão valiosa que mesmo culpado de delitos ou crimes graves, merecia clemência, isto porque o público não tinha condições de perder seus serviços. Mesmo naquela época, o contrato lavrado teria de ser assinado; e os que não sabiam escrever ou “faziam a sua marca”, ou assinavam com cunho na cera presa ao documento no qual estava assentado o contrato. Daí o costume de selar documentos, que continua até hoje.
Reza a lei, e declara a razão que, enquanto não for assinado o documento escrito, deve-se presumir que a parte para a qual seria obrigatória optou por não assiná-lo, deixando assim de se comprometer. Tanto o direito como a razão dão a ela o direito de decidir, até o último momento, se assina ou não. Nem o direito, nem a razão requer ou espera que o cidadão concorde com um instrumento até que este seja lavrado; pois a menos que esteja escrito, não tem ele como saber o seu significado jurídico exato. E quando estiver reduzido a termo, tendo o interessado aproveitado da oportunidade de se satisfazer quanto ao seu significado jurídico exato, aí sim, e não antes, espera-se que decida se quer ou não convencioná-lo. E se é que opte por não assiná-lo então, supõe-se que seu motivo seja que optou por não se comprometer com tal contrato. De nada vale o fato de ter sido o instrumento preparado para ser firmado por ele, ou na esperança de que ele o assinasse.
Imagine a fraude e o litígio se uma parte pudesse entrar em juízo com uma escritura desprovida de assinatura e insistir que a façam valer, arguindo que fora lavrada para que outro a assinasse? que havia prometido assiná-la? que devia tê-la assinado? que tivera a oportunidade de assiná-la, caso quisesse? mas que se recusou ou omitiu de fazê-lo. Porém nada além se pode dizer da Constituição.b Os próprios juízes, que professam derivar toda a sua autoridade da Constituição – de um instrumento jamais assinado por ninguém – desprezariam qualquer outro instrumento sem assinatura que lhes fosse apresentada para adjudicação.
De mais a mais, no direito e na razão, não basta o instrumento ter sido assinado, devendo também ser entregue à parte (ou procurador desta), pela qual foi lavrado, antes de que possa ser válido para a parte que o assinou. A assinatura não tem efeito algum a menos que o instrumento também seja protocolado. E a parte tem perfeita liberdade de se recusar a protocolar um instrumento escrito após tê-lo assinado. É tão plena esta liberdade de se recusar a entregá-la quanto a de se recusar a assiná-la. Além de a Constituição nunca ter sido assinada por ninguém, ela também nunca foi entregue por ninguém, tampouco a procurador ou agente de pessoa alguma. Não tem como ter mais valia, portanto, que qualquer outro instrumento que jamais foi assinado ou entregue.
(Continua na Parte V…)