Trump, boi de piranha


Donald Trump não é candidato de verdade, mas sim, outro impostor que serviria apenas para abafar a existência do Partido libertário. Só que não cumpriu o papel.

Antes da segunda canditadura do Richard Nixon, a ideia de um governo Americano subsidiar campanhas eleitorais  era coisa inaudita exceto nos países comunistas. Mas também a ideia de um governo desvirtuar a moeda, congelar preços e salários, escravizar os jovens como soldados sem declaração de guerra, não tinha nada de liberal. Liberal que eu falo é no bom sentido: privatização, eliminação de impostos, dispensa de burocracias e regulamentação desnecessária… mas o americano—até mesmo os letrados —entendem a palavra como sinônimo de comunista. Porque isso?

Existe muita censura nos EUA. Dificilmente você acharia um americano que sabe da existência de um Partido Liberal formado em 1930 militando contra o comunismo, os regulamentos religiosos, a lei seca, a intervenção em guerras estrangeiras, e subsidiar o parasitismo mediante impostos. Foi este o partido que forçou os democratas a colocarem na sua pauta a revogação da emenda americana que trouxe a lei seca para destruir a economia nacional. Derrotaram os republicanos e a lei seca foi revogada.

A lei seca não destruiu sozinha a economia. Contou com a ajuda do imposto de renda, que antes juntava poeira no Manifesto Comunista de 1848. Na época em que republicano era sinônimo de comunista, o presidente Lincoln lançou mão do imposto de renda para custear a guerra da secessão.  Posteriormente,  o  debate sobre este imposto foi ressuscitado,  resultando no colapso de 1893,  cuja depressão só terminou depois de o Supremo Tribunal revogar o IR. Os xiitas da proibição ainda queriam ressuscitar o imposto de renda para que pudessem justificar a lei seca. Afinal, entrava muita receita pela importação de vinhos e outras bebidas. Os socialistas queriam a lei seca porque constava do Manifesto Comunista. Juntos, como já vimos (em Defesa do voto libertário), conseguiram transformar a Constituição em instrumento de coação. A economia desabou, a lei seca foi revogada, mas desta vez o imposto de renda escapou.

Richard Nixon foi vice-presidente no governo Eisenhower–aquele que avisou do perigo de um  polo militar-industrial tomar posse do país. Os americanos sacaram a indireta e votaram no Kennedy, que foi assassinado. Nixon bombardeava todo o que era bombardeável, mandou gatunos arrombarem a oposição, e assim foi reeleito. Quando finalmente o Congresso resolveu acionar e julgar o criminoso, este já tinha feito o pior.

Em 1971 o Nixon já se mostrou  corrupto e antiliberal.   Logo, como em 1930, um  pequeno grupo de partidários da liberdade organizou um partido para acabar com o alistamento forçado, com a inflação, com as aventuras de estabelecer ditaduras assassinas com esquadrões da morte no resto do mundo. Tomou o nome de Partido Libertário (Libertarian Party),  dedicado a resistir a toda espécie de agressão social ou econômica.  Um dia antes do registro deste partido, Nixon baixou uma lei subsidiando com o dinheiro do contribuinte as campanhas dos partidos corruptos então existentes.   Pela segunda vez afastou-se o perigo de um partido honesto livrar o país de mais uma ditadura religiosa.

O esquema de partidos políticos não existe na constituição americana. Esta Magna Carta nada prevê acerca dessas organizações, e nem deveria. Mas o golpe do Nixon legislou esta intervenção que corrompeu o processo político. O resultado  é que agora os partidos entrincheirados têm como usar dinheiro alheio para afastar a concorrência honesta e se manter no poder. O Partido Libertário se recusou a aceitar as migalhas de propina, e lançou programas e candidatos a partir de 1972. Imediatamente a lei de alistamento forçado foi revogada, mas os candidatos falsos começaram a poluir o processo de eleição. John Anderson foi um candidato espantalho que simplesmente misturava as pautas dos dois partidos principais. O bilionário Ross Perot fingiu ser candidato independente e pulou fora na última hora, deixando os dois partidos de sempre dividirem o prato.  Candidatos de aluguel surgiram do nada, desvirtuando mais ainda o processo.

Hoje o bilionário Donald Trump faz as vezes do Ross Perot para afastar do proscênio toda e qualquer candidatura libertária. Rand Paul, um candidato republicano xiíta que quer que o governo controle os corpos das mulheres, entrou fingindo ser uma espécie de libertário de imitação. O seu próprio partido republicano o rejeitou imediatamente e ficou em décimo lugar. Em junho de 2015, Donald Trump se declarou candidato. Republicano, ele prometeu largar bombas e deportações em cima dos estrangeiros, imediatamente tomou a dianteira do partido a caminho da nomeação como seu candidato oficial.

Acontece que em fins de outubro este candidato admitiu que o cânhamo medicinal poderia ser legalizado. Num programa de televisão da revista libertária Reason, confessou que gostava dos libertários e achava que estes defendiam muitas ideias boas. Em novembro ele também assumiu que os estados—e não o governo federal—deveriam proibir ou legalizar este mesmo produto. Imediatamente apareceram nos jornais e na televisão enquetes e pesquisas alegando que o público já estava cansado do candidato Trump. O Partido republicano se sentiu traído tão logo o seu atleta revelou qualquer atração à ideia da Liberdade. O segundo-colocado–um fanático que quer proibir, deportar e bombardear sem dó, piedade ou hesitação–provavelmente vai assumir a campanha do partido, e perder nas eleições. Com sorte, e dois ataques cardíacos, os americanos poderão se livrar do controle desses dois partidos corruptos e eleger um presidente libertário. Acompanhe no LP.org

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